O sol não tinha nascido ainda quando Pedro saiu para a rua. O frio da madrugada grudava na pele como uma ameaça. No bolso, o celular vibrava a cada minuto com notificações que ele não tinha coragem de abrir.

Quando finalmente parou num canto do pátio, respirou fundo e ligou para Lúcio. Precisava ouvir a voz dele antes que fosse tarde demais.

A chamada demorou a ser atendida. Quando aconteceu, o silêncio do outro lado pareceu pesado.

— Pedro — disse Lúcio, enfim. A voz vinha abafada, como se ele tivesse fumado demais. — Eu estava esperando que você ligasse.

— Eu soube que você… — Pedro hesitou. — Que você tem planos.

— Eu sempre tive — respondeu Lúcio. — Mas agora não vou mais esperar. Eu vi o que aquele homem faz com quem ousa ficar no caminho. Eu não vou deixar que ele encoste em vocês outra vez.

Pedro esfregou o rosto, sentindo a exaustão subir como febre.

— Você está com a Clara.

— Eu estou com ela, sim. — Houve um som de cigarro sendo apagado. — Mas isso não muda nada. Eu não tenh