Marcelo estava sentado no mesmo caixote, os olhos semicerrados de exaustão. Tinha sido uma noite tão longa que ele já não sentia onde terminava o corpo e começava o cansaço. Quando o telefone vibrou, ele quase não teve força para atender. Mas o visor mostrava o nome dela.
Ele respirou fundo e deslizou o dedo na tela.
— Marcelo? — A voz de Clara soou trêmula, carregada de medo. — Pelo amor de Deus, como você está?
Ele fechou os olhos, sentindo o peso daquela pergunta.
— Eu estou… vivo — respondeu, rouco.
— Vivo? — O tom dela subiu, quase um soluço. — Eu fiquei sabendo que foi uma emboscada! Que tentaram matar você no jardim!
— Foi. — Ele passou a mão na nuca, sentindo o corte latejar. — Eu estava lá fora, procurando uns documentos… Quando percebi, eles já estavam em cima de mim.
— Meu Deus… — O choro dela veio baixo, contido. — Eu não estava aí. Eu devia ter ficado. Talvez pudesse ter feito alguma coisa…
— Não, Clara. — Ele falou com mais firmeza do que sentia. — Se você estivesse, pod