A noite já tinha tomado conta da cidade quando Júlia chegou em casa. As luzes estavam apagadas, exceto pela pequena luminária da sala, que Marcos sempre deixava acesa para ela. Um gesto simples, mas que sempre carregou um significado enorme: eu te espero.
Ela passou por ele dormindo no sofá, o rosto tranquilo, o peito subindo e descendo devagar. O coração dela apertou forte, como se alguém tivesse segurado com as duas mãos e pressionado.
Marcos era casa.
Era calma.
Era certeza.
Mas havia algo dentro dela que gritava outra coisa — um eco antigo, quase esquecido, mas que agora pulsava forte como um coração renascendo.
Ela subiu para o quarto devagar, como se cada passo pudesse acordar culpas que ela não queria enfrentar.
Sentou-se na cama.
Pegou o celular.
A tela iluminou a escuridão.
Guilherme Dellfiori.
O nome parecia arder.
O dedo dela pairou sobre o ícone da conversa.
Ela hesitou.
Mas clicou.
A conversa estava vazia.
Como a linha fina entre dois mundos.
O coração batia tão rápido qu