Capítulo 11 — O Diário de Fogo
Chovia fino quando toquei a campainha. A mansão de Helena parecia respirar sob a água. Cada goteira transformava as colunas em sombras e o som da chuva parecia vir de dentro, não de fora. Um homem de luvas abriu sem perguntar quem eu era. O crachá do jornal estava no bolso, mas ninguém pediu identificação.
Fui conduzido por um corredor silencioso até uma porta dupla, escura e polida, com relevos dourados de flores e serpentes. O lacaio anunciou:
— Senhora Padilla, o senhor Duarte.
A porta se abriu sozinha.
O escritório era um cenário de poder contido. Estantes altas, um globo antigo, uma lareira que mais sussurrava do que queimava. O ar tinha cheiro de incenso e madeira. Sobre a mesa, três pilhas: livros, pastas e uma caixa de madeira do tamanho de uma Bíblia. No aparador, um decanter deixava o vinho escorrer como sangue lento.
Helena estava sentada junto à janela, a luz refletindo no vidro, deixando seu rosto meio oculto. O rubi no dedo parecia respirar