Capítulo 49 — Entre o Castelo e a Cidade
O castelo adormecia sob um céu púrpura.
O vento do leste deslizava pelas muralhas como um animal sagrado, farejando lembranças antigas.
As janelas tremeluziam com luz de vela, e as sombras dançavam nos corredores como mulheres que não se foram — apenas mudaram de nome.
Helena caminhava devagar, deixando o tecido do vestido arrastar suavemente sobre a pedra.
Em cada passo havia história.
Em cada passo, eco.
Quando passou pelo grande corredor dos retratos, todos os quadros pareceram endireitar-se, como soldados diante de sua rainha.
As figuras — rainhas, damas, guerreiras, cortesãs — iluminavam-se ao vê-la, como se reconhecessem ali a primeira de todas.
Aquela que abriu caminho com seus próprios pés.
Ela tocou um dos quadros.
O rosto nela pintado era de outra vida, mas os olhos eram os mesmos.
— Você ainda existe. — disse a si mesma.
E o vento respondeu com um sopro leve no cabelo.
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No salão do trono, ela parou.
A salamandra apagada guardava bra