Capítulo 48 — A Dama e o Reino
A noite repousava sobre o castelo como um véu de cetim escuro.
O vento do leste, agora mais maduro, deslizava pelas torres, tocando as pedras com o carinho de quem recorda um corpo amado.
Helena caminhava pelos corredores como quem revisita um sonho que nunca acabou.
O som de seus passos era o único eco no silêncio — um compasso sereno, feito de memória e poder.
As paredes guardavam retratos, mapas, segredos e promessas.
Mas, mais do que isso, guardavam a presença dela.
As tapeçarias pareciam respirar quando ela passava, e os candelabros acendiam-se sozinhos, um a um, como se o próprio fogo a reconhecesse.
Parou diante da grande janela que dava para os jardins.
Do lado de fora, o tempo estava suspenso: rosas abertas mesmo sem sol, fonte jorrando sem vento.
Ela sorriu de leve.
— Ainda me lembram. — murmurou. — Mesmo quando fingem que não existi.
O vidro refletiu um rosto mais jovem.
A memória se abriu.
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O salão do trono era vasto, dourado,