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Capítulo 2 – Quase Amor

Laura não conseguiu dormir naquela noite.

O que antes era uma amizade sólida, confortável como uma coberta velha em dias frios, agora parecia instável, como uma ponte de vidro prestes a rachar. Cada palavra que Apollo dissera no telhado repetia em sua cabeça como um eco: “Te beijar... ficar perto... reconquistar”.

Ela o conhecia. Conhecia o jeito dele se fechar quando sentia demais. O modo como fazia piadas para disfarçar o que doía. E, ainda assim, ele havia deixado escapar um pedaço da alma naquela tarde. Um pedaço que Laura não sabia se estava pronta para segurar.

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Os dias seguintes foram uma dança estranha entre o que era e o que poderia ser.

Apollo continuava presente, mas mais silencioso. Seus toques demoravam um pouco mais do que antes. Os olhos dele procuravam os dela com mais intenção — e Laura sentia o chão sumir toda vez que o pegava olhando.

Na terceira noite, ele a convidou para jantar. “Como amigos”, disse com um sorriso torto. Mas quando Laura apareceu com um vestido azul-marinho colado ao corpo, o olhar de Apollo a despiu antes mesmo de dizer qualquer coisa.

— Você está… — ele começou, engolindo em seco — maravilhosa.

Ela sorriu, sem saber onde colocar as mãos. Estava nervosa. E isso era novo.

O jantar foi cheio de pausas. De silêncios carregados. Eles falavam do passado como se não soubessem mais falar do presente. Riam das lembranças, mas evitavam o toque de assuntos sensíveis — como o que havia acontecido no telhado.

Até que, na saída do restaurante, a chuva caiu sem aviso. Laura soltou um grito e correu para debaixo de uma marquise. Apollo a seguiu, rindo.

— A cidade te odeia, sabia? — ela resmungou, encharcada.

Ele se aproximou, os cabelos molhados grudados na testa, o peito ofegante. E foi ali, naquele momento caótico, que os olhos dos dois se encontraram. Ele levantou a mão devagar, afastando uma mecha molhada do rosto dela.

— Você me deixa louco, Laura. Desde sempre.

Ela sentiu o ar sumir. Os batimentos em descompasso.

— Então me beija, Apollo. — saiu antes que ela pensasse.

Mas ele hesitou.

E essa hesitação cortou o instante ao meio.

— Não posso. Não aqui. Não agora. — Ele recuou um passo, os olhos em conflito. — Eu quero fazer isso direito. Não ser só mais um beijo em um momento confuso.

Ela assentiu, tentando esconder a dor que subia no peito. Era irônico. Por anos ela esperou aquele momento. E agora que estava ali, real, quase ao alcance… era adiado.

— Tá. Claro. Você tem razão — ela mentiu, tentando sorrir.

O caminho de volta foi silencioso. E quando ele a deixou na porta de casa, Laura se perguntou se aquela história de “fazer do jeito certo” não era só outra maneira de fugir.

No fim, o amor estava ali, nascendo entre os escombros da amizade. Mas crescer….. crescer seria mais difícil do que imaginavam. Será mesmo que não estariam a confundir um sentimento? Ou será que estava mesmo virando amor!?

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