Capítulo 51, Espectativas de uma nova vida.
(Eduardo )
O cheiro de hospital sempre me incomodou. Frio, asséptico, impessoal. Mas naquele corredor iluminado por luzes brancas e incessantes, tudo parecia ainda mais pesado. Era como se cada passo da cadeira de rodas ecoasse dentro da minha cabeça, lembrando-me, cruelmente, que eu estava ali por causa da maldita lesão que havia mudado a minha vida para sempre.
Boston era uma cidade magnífica, vibrante, cheia de história e beleza. Todo mundo que conhecia me dizia que era impossível não se encantar com suas ruas arborizadas, seus parques, sua arquitetura imponente. Mas para mim, desde que chegamos, tudo se resumia a salas de consulta, exames intermináveis e reuniões médicas em que cada palavra parecia mais um veredito. O mundo lá fora continuava correndo, mas o meu havia encolhido para dentro de quatro paredes brancas.
Agora, sentado na sala de espera do pré-operatório, eu sentia algo que raramente me acontecia: minhas mãos suavam. Para alguém como eu, que sempre cultivou a imagem de