Capítulo 52, Dia de aflição.

(Lua)

O dia da cirurgia chegou. Eu mal dormi na noite anterior. A cada vez que fechava os olhos, era como se uma sombra pesada se deitasse sobre mim, sufocando minha respiração. As horas passaram lentas, entre cochilos quebrados e pensamentos que me consumiam. Quando o céu ainda estava pintado de um cinza tímido, antes mesmo do sol nascer, meus olhos já estavam abertos, fixos no teto branco do quarto do hospital.

O coração batia acelerado, como se quisesse escapar do meu peito. Tentei inspirar fundo, contar mentalmente até dez, mas o ar parecia preso na garganta. O silêncio do quarto era opressor, quebrado apenas pelo bip dos aparelhos ao lado da cama de Eduardo.

Ele estava acordado. Não disse nada no início. Ficou quieto, olhando para o teto, com o maxilar contraído. Conhecia bem aquele silêncio — não era vazio, era cheio. Um silêncio carregado de medo, tensão, de todas as palavras que ele nunca diria em voz alta.

Virei-me para ele. Os olhos de Eduardo brilhavam, não por lágrimas, ma
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