Capítulo 25, Aquele beijo.
(Eduardo Duarte Galvão)
O salão principal da mansão estava impecável, como sempre. O brilho das luzes refletia no mármore claro do chão, e arranjos florais discretos perfumavam o ar sem exageros. A mesa de jantar, longa e imponente, estava posta com requinte: porcelana branca, taças de cristal, talheres prateados polidos a ponto de refletirem nossos rostos. O ambiente exalava a formalidade típica da minha família — cada detalhe era um lembrete da perfeição exigida pelos Duarte Galvão.
Minha mãe, Helena, ocupava a ponta direita, radiante como sempre, sorrindo a cada gesto, tentando costurar com delicadeza o que a rigidez de meu pai, Augusto, destruía com o olhar. Ele, à cabeceira, escondia-se atrás de seu jornal dobrado, mas seus olhos avaliavam cada movimento, como se todos estivéssemos em constante julgamento. E, inevitavelmente, havia Thiago, meu primo, que foi criado comigo, ele estava acomodado com seu eterno ar de cínico e com um sorriso debochado, respirando apenas para me desaf