(Lua)
Eu não sabia exatamente em que momento havia perdido o fio da razão. Talvez no instante em que olhei nos olhos de Eduardo e disse “sim” para um casamento sem amor, sem promessas, apenas um contrato frio e calculado. Um “sim” que não nasceu do coração, mas de uma necessidade. Ainda assim, dentro de mim, uma parte tola e desesperada queria acreditar que, de alguma forma, estava ajudando alguém. Que esse sacrifício fazia sentido.
Os dias seguintes foram uma montanha-russa de sentimentos confusos.
Havia momentos em que eu me convencia de que tinha tomado a decisão certa por Sol, de que estava garantindo segurança e estabilidade para o futuro de nós duas. Em outros, a culpa e o ódio por me meter naquela loucura me sufocavam.
Na manhã em que fomos à clínica de fertilização, minhas mãos estavam tão úmidas que precisei esfregá-las contra a saia repetidas vezes. O tecido fino absorvia o suor, mas não levava embora o nervosismo. Eduardo, ao meu lado na cadeira de rodas, parecia um bloco d