Capítulo 106, dois corações e um só milagre.
(Visão de Henry)
Os corredores do hospital pareciam diferentes naquela manhã.
Havia um silêncio leve, como se até o ar tivesse se rendido a uma expectativa que eu não sabia explicar.
Amber andava ao meu lado, uma das mãos no ventre, a outra enlaçada na minha.
Desde que ela me contou sobre a gravidez, algo em mim mudou.
Era como se o coração tivesse ganhado um novo ritmo — o mesmo que eu esperava ouvir naquele dia.
A consulta com a obstetra estava marcada para as nove.
Eu tinha saído mais cedo do plantão, deixado tudo pronto com a equipe da pediatria e desligado o celular.
Nada — absolutamente nada — me afastaria daquele momento.
Amber parecia calma, mas eu conseguia perceber o leve tremor nos dedos.
Talvez fosse o mesmo nervosismo que me consumia por dentro.
Ela me olhou e sorriu.
— Você tá mais tenso do que eu, doutor.
Sorri de volta, apertando sua mão.
— É que… dessa vez eu tô do outro lado. E confesso, é muito mais difícil ser paciente do que médico.
A médica obstetra, doutora Paul