Capítulo 105, O milagre começa no silêncio.
(Visão de Amber)
Acordei com um gosto metálico na boca e uma náusea insistente que parecia nascer do fundo da alma.
No início, pensei que fosse o estresse, o cansaço acumulado das noites mal dormidas ao lado de Alyce — ou talvez o café forte que tomei antes de dormir.
Mas à medida que as horas passaram, a tontura veio junto, leve, como se o chão tivesse virado mar.
Alyce dormia na UTI pediátrica, cercada de fios e aparelhos que piscavam luzes verdes e azuis.
Eu ficava ali, observando o peito dela subir e descer, como um lembrete constante de que cada respiração era uma vitória.
Mas, naquela manhã, precisei sentar. As mãos suadas, o coração acelerado.
O som da porta se abriu atrás de mim.
— Amber...
Era Lua.
Ela vinha todos os dias, mesmo com a bebê ainda pequena em casa, mesmo com a vida dela em reconstrução.
Carregava sempre um sorriso manso, uma força que eu invejava e amava ao mesmo tempo.
— Você tá pálida... o que houve? — ela perguntou, preocupada.
— Ah, nada... só uma tontura, a