“O que é seu, encontra caminho de volta.”
A caixa era preta. Pequena. Discreta.
Mas em sua simplicidade, carregava décadas de dor, omissões… e um destino prestes a ser reescrito.
Miguel a colocou sobre a mesa, no escritório que agora também era dela.
Seus olhos estavam calmos, mas havia algo ali, como se ele mesmo estivesse entregando um pedaço da alma junto com cada documento.
— Essa caixa chegou ontem à noite — ele disse, deslizando os dedos sobre a tampa.
— De um antigo advogado da família. Guardada como segredo... pelo próprio homem que tentou te apagar da história.
Anyellen, sentada na poltrona com as mãos trêmulas, sentiu o coração vacilar.
A gravidez a deixava mais sensível, mais receptiva, mais à flor da pele. Mas não era só isso.
Era o peso de finalmente ser reconhecida. De ser lembrada, vista…
De ser filha.
— Ele... o padrasto… — ela engoliu seco — sabia?
Miguel assentiu, com os olhos fixos nela.
— Sabia. E tentou esconder. Mas também escreveu essa carta, que só seria entr