O espelho não refletia mais a mulher que Nina costumava admirar.
A maquiagem impecável escondia pouco. Por dentro, ela era uma serpente em carne viva, ardendo de ódio.
A informação chegou como um tapa: Letícia estava morta.
Mas pior do que a morte, foi a traição. Ela devolveu o dinheiro. Todas as senhas. Toda a operação. Toda a sujeira... nas mãos da justiça.
E o nome de Anyellen... limpo.
— A vadia venceu...
Nina murmurou, com os olhos cravados na taça de vinho, que agora tremia entre seus dedos.
O telefone tocou.
— Já temos o rastreio da movimentação bancária. Tudo foi transferido para a conta oficial da ONG, e registrada como anônima.
Disse a voz do outro lado, fria.
— Letícia se redimiu no fim. Sempre soube que ela era fraca.
Nina soltou uma risada curta, amarga.
— Fraca… como todas as mulheres que acreditam no amor.
Levantou-se.
A noite queimava nas janelas, mas não mais do que a raiva que escorria pelas veias de Nina como veneno prestes a transbord