A casa de Miguel era silenciosa como um santuário noturno.
Pelas janelas amplas, a cidade lá fora parecia distante, como se o mundo tivesse dado uma trégua aos dois.
Anyellen, de meias e cabelo solto, andava pela cozinha de mármore como quem ainda duvidava de estar ali.
Miguel a observava de longe, sentado à bancada, com a camisa aberta e o olhar inteiro preso nela.
Ela era tudo o que ele não entendia…
E tudo o que ele queria compreender.
— Por que você me trouxe pra cá?
Ela perguntou, sem encará-lo.
— Porque você está em perigo.
E porque…
Ele hesitou, a voz mais baixa
— …a única forma de eu dormir em paz… é sabendo que você está sob o mesmo teto que eu.
Anyellen ficou em silêncio.
Era difícil confiar. Mas, naquele momento, o silêncio dele falava mais do que as juras do mundo inteiro.
Naquela noite, depois de dias turbulentos e noites interrompidas por alertas e pesadelos, eles jantaram.
Não como amantes ainda.
Mas como dois sobreviventes de guerras internas.
Sentaram-se frente a f