O portão da ONG se abriu como quem abre os braços para receber um reencontro muito esperado.
E Anyellen atravessou aquele corredor cercado de paredes rabiscadas por sonhos como quem pisa de novo em sua própria alma.
Vestia simplicidade e firmeza. Coração aos pulos, mas os passos decididos.
As crianças foram as primeiras a ver.
Um grito:
— Tia Any!
E o que se seguiu foi uma corrente de braços pequenos, pés descalços e lágrimas sinceras.
Elas a abraçaram como se estivessem segurando a esperança pelas pernas, pelo vestido, pela cintura.
Anyellen se ajoelhou no meio do pátio, cercada por vozes que choravam e riam ao mesmo tempo.
— Você voltou…
— A gente orou todo dia…
— Eu guardei o desenho que fiz pra você…
— Tia, nunca mais vai embora, né?
Ela tentou responder, mas só conseguiu chorar.
Era ali, naquele chão de cimento e afeto, que sua alma tinha raízes.
A equipe da ONG, mesmo abalada pelos últimos acontecimentos, surgiu aos poucos.
Com olhares entre a culpa e o alívio.
E então, Anyellen