A ONG estava mais silenciosa que o habitual naquela tarde. As crianças já tinham ido, os corredores ecoavam passos solitários, e Anyellen ajeitava pastas na sala dos arquivos quando ouviu a porta fechar com força atrás de si.
— Sabia que ia te encontrar aqui...
A voz era conhecida, mas agora vinha carregada de ódio.
Ela se virou devagar. Letícia.
— O que você quer, Letícia?
— Ver você no chão. Era só isso desde o começo.
Ela avançou um passo.
— Eu te odeio, Anyellen. Sempre odiei.
O silêncio entre as duas ficou denso.
— Fingiu ser minha amiga, fingiu me ajudar...
Letícia gargalhou, amarga.
— Eu nunca fui sua amiga. Eu era a sombra esperando você tropeçar. E quando você cresceu demais, eu empurrei.
Anyellen respirou fundo. Não cederia à raiva.
— Você não precisa disso, Letícia. O que fizeram com você...
— NÃO ME PSICANALISA!
Ela gritou.
— Eu usei Caio pra te ferir. Sabe por quê? Porque ele te amava. E eu o fiz te deixar. Por mim. E ainda riu.
— E funcionou.
Anyellen trincou os d