Ela não esperava vê-lo ali.
Não daquele jeito.
Não com aquele olhar que parecia ter atravessado o próprio orgulho pra vir buscá-la.
Miguel a olhou com a mesma firmeza com que atravessou portas, vozes e receios para encontrá-la.
Mas havia algo mais, um silêncio cheio de palavras que doíam.
Anyellen abaixou os olhos.
Carregava a culpa como bagagem.
E mesmo assim, ele estava ali.
— Eu…
A voz dela saiu baixa, mas carregada de cansaço. — ...obrigada. Por não me deixar ir.
Miguel não respondeu de imediato.
Apenas caminhou até ela. Sem pressa.
Como se cada passo dissesse: você pode fugir, mas nunca vai escapar de quem te enxerga de verdade.
— Agradeça a você!
Ele disse, enfim, com a voz rouca.
— Por ter percebido onde realmente pertence.
Ela o encarou. Os olhos marejados, o corpo ainda tremendo pela proximidade dele.
— Se eu quisesse te usar… se eu quisesse te destruir…
Ele se aproximou mais, até suas respirações se confundirem
—… a sua fuga teria sido perfeita.
As palavras o cortavam p