A ONG estava silenciosa, já mergulhada no respiro calmo da noite. As luzes de algumas salas ainda acesas contavam histórias não encerradas. Anyellen desligou o último interruptor, ajeitou os papéis no braço e se preparava para sair quando deu de cara com Miguel no corredor.
— Fiquei até tarde separando as peças para a aula de amanhã.
Disse ele, erguendo uma caixa com sucatas recicláveis como quem exibia um troféu.
Anyellen soltou uma risada leve e incrédula.
— Quem diria... o CEO animado com uma aula de ciências.
— O problema é que você está começando a me levar a sério.
Retrucou com um sorriso enviesado, os olhos brincando com os dela.
— Vem jantar comigo?
Ela hesitou por dois segundos.
Mas disse sim.
O carro parou diante de um edifício alto, imponente, moderno como o homem que agora a olhava em silêncio.
— Você mora aqui?
Perguntou ela, admirada com a fachada espelhada e discreta.
Ele assentiu, abrindo a porta para ela com um gesto elegante.
— É só um lugar onde durmo... mas hoje,