O som suave da campainha quebrou o silêncio da noite como um sussurro atrevido. Anyellen, ainda com os cabelos ússos do banho, apertou os olhos ao ver o nome dele na tela do interfone. Miguel.
Não estava nos planos revê-lo hoje. Depois de três dias sumido da ONG, ela tentou se convencer de que a ausência dele não fazia diferença. Mas o incômodo era uma presença constante, como aquela música que toca baixo demais pra incomodar de verdade, mas também nunca silencia.
Ela destravou o portão com um clique.
Miguel surgiu com uma sacola térmica elegante, uma garrafa de vinho e um sorriso com gosto de provocação.
— Eu te convidaria pra jantar na minha casa, mas sei que você arrumaria uma desculpa pra não ir .
Disse, com aquele tom entre o desafio e o charme.
Anyellen cruzou os braços, fingindo não sorrir.
— Só vou aceitar porque estou com muita fome. E o cheiro está... perigosamente bom.
Ele a encarou.
— Eu também... estou com fome.
Ela sentiu o calor subir pelas bochechas e virou de costas,