Henrique e Isabela se conheceram ainda na escola, mas o sonho de se tornar um jogador de hóquei famoso, fez com que seguissem caminhos diferentes. Oito anos depois, o destino trata de cruzar o caminho deles novamente, mas dessa vez, há um segredo, ou melhor um esperto garotinho.
Leer másOITO ANOS ATRÁS
Eu me apaixonei por Henrique Trovato.
Henrique era um filho da puta sortudo. Um cara popular que vivia rodeado de garotas como todos os seus companheiros do time de hóquei, mas, que, por algum motivo, acabou se apaixonando por mim. Eu era Isabela, só uma garota comum e ele o melhor jogador do time da faculdade.
Era comum ouvir pelos corredores que seu desempenho durante os jogos era notável, que ele tinha o mundo nos patins e uma carreira promissora se seguisse jogando depois da formatura. Eu tinha que admitir que ele era mesmo um ótimo jogador e totalmente diferente do estereótipo de jogador popular.
Apesar clara diferença entre a gente, Henrique acabou me conquistando e se tornando o meu mundo em pouco tempo. Tentávamos passar o maior tempo possível juntos, já que a rotina dele era atribulada demais. Treinos, estudos extras, aulas e os jogos.
Pensei que esse seria o meu final feliz, mas eu era jovem e tola. Depois da formatura, por conta de uma decisão errada, destruí os nossos corações e qualquer chance de termos um futuro juntos.
Com dez dias de atraso da minha menstruação, criei coragem de ir até a farmácia mais afastada do apartamento e comprei um teste de gravidez. Com a ansiedade falando mais alto, decidi entrar na cafeteria mais próxima e pedi para usar o banheiro.
Cinco minutos depois, lá estava o sinal de positivo. O sinal que mudaria toda a minha vida dali para frente. Quando saí do banheiro acabei, encontrando a mãe de Henrique tomando um café com uma amiga e ela acabou vendo o bastão em minhas mãos.
— Venha tomar um café conosco, querida. — Seu tom de voz soou falso, talvez para disfarçar já que estava acompanhada. — Hele, esta é Isabela, a namoradinha de Henrique.
— Agradeço o convite, mas eu preciso mesmo ir, estou atrasada para um compromisso.
— Será que podemos trocar duas palavras a sós?
Ela mal tinha terminado de falar e já estava, praticamente, me arrastando para fora do lugar enquanto segurava firme no meu braço.
— Você está grávida do meu filho?
Minha garganta ficou seca então apenas assenti com a cabeça.
— Você via fazer exatamente o que eu vou te falar se não quiser que eu transforme sua vida num verdadeiro inferno.
Quando ela voltou para o lado de dentro, me deixando sozinha na calçada, as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Peguei o primeiro táxi que passou e fui para o trabalho. Cumpri meu turno como se nada tivesse acontecido e quando peguei meu celular, vi os vídeos do jogo dos garotos que minha melhor amiga tinha me enviado e chorei ainda mais quando vi a alegria de Henrique ao receber a camisa do seu futuro time.
Por serem as últimas semanas de aula e pela proximidade da formatura, eu estava uma pilha de nervos com as provas e Henrique vinha passando mais tempo comigo no apartamento que eu dividia com minha melhor amiga, Cíntia.
Já era umas nove horas noite, Cíntia tinha me enviando uma mensagem informando que ficaria na casa do namorado para comemorar que ele tinha sido selecionado para os Boston Bruins. Eu estava jogada no sofá quando ouvi a porta ser aberta, Henrique entrou eufórico, o que era um bom sinal.
— Sweetheart, eu fui selecionado para os New York Rangers.
Escondi o bastão do teste e tratei de secar as lágrimas do rosto enquanto ele deixava a bolsa com seus equipamentos no chão ao lado da porta e corri para me atirar em seus braços. Eu precisava dele me abraçando naquele momento.
— Estou tão feliz por você ter conseguido entrar no time que você tanto queria.
— Sim! — Ele me colocou no chão depois de um rodopio. — Eu ainda não estou acreditando que é real.
— Desculpa por não ter conseguido ir na sua seletiva.
— Eu te entendo.
— Cíntia gravou tudo e me enviou.
— E como foi a sua entrevista com a editora?
— Acho que tenho grandes chances de conseguir a vaga.
— Isso é maravilhoso, Sweetheart.
— Uma pena que vamos para cidades diferentes.
— Mas poderemos nos ver sempre que surgir uma folga na minha agenda ou quando você for me visitar em Nova York.
Eu sabia que deveria contar para ele que estava grávida, mas isso, com certeza, acabaria atrapalhando a carreira do menino de ouro então eu simplesmente decidi continuar guardando esse segredo e fui curtir a festa de comemoração do time com Henrique.
Poucas horas depois da cerimônia da nossa formatura, optamos por ficar com nossas famílias. Eu estava feliz por meus pais terem conseguido vir para minha formatura, mas me sentia dividida com tudo o que estava acontecendo.
Eu já tinha terminado de arrumar minhas malas quando criei coragem para enviar uma mensagem avisando que precisava conversar com Henrique e ele ficou de me encontrar no parque que tinha próximo do meu apartamento, o mesmo que a gente se encontrava no início do namoro.
No horário combinado, estacionei o carro, que tinha acabado de ganhar dos meus pais, numa vaga na entrada do parque. Eu sentia meu corpo inteiro tremer enquanto descia e caminhava para dentro do parque. Henrique já estava sentado num banco ao lado da famosa carrocinha de pipoca, mas como ele ainda não tinha notado minha presença, aproveitei para olhá-lo uma última vez. Seus cabelos estavam desalinhados, os olhos ainda tinham o mesmo brilho e ele continuava lindo.
— Sweetheart, que bom que chegou.
Henrique se aproximou, me envolveu num abraço apertado e depositou um beijo no topo da minha cabeça.
— Que bom que conseguiu vir.
— Está tudo bem, Isa? — Ele quis saber quando percebeu minha voz sair vacilante.
— Eu pedi que viesse me encontrar porque tenho algo para te falar.
— E o que é? Você sabe que pode me contar tudo.
Desviei o olhar de Henrique para um grupo de crianças que brincava próximo de onde estávamos e ele pareceu incomodado diante do meu silêncio. O que eu tinha para falar, machucaria seu coração, mas tinha certeza de que ele iria se recuperar e logo arrumaria outra namorada e me esqueceria.
— É sobre a minha mudança para Nova York,não é?
— Sim.
— Então me conte. Me fale de seus medos.
— Eu estive pensando e acho melhor a gente terminar.
— Você está brincando comigo? Isso é algum tipo de pegadinha?
— Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.
— Mas por que isso agora? Já não conversamos sobre isso, Isa?
— Sim, nós conversamos, mas... Vai ser melhor assim.
— Isso é o que você acha, Isa.
As lágrimas rolavam pelo seu rosto e senti meu coração ainda mais apertado, mas a decisão estava tomada e não podia voltar atrás. Era para o bem de Henrique, mesmo que, agora, ele não concordasse comigo e achasse que estava sendo injusta com ele.
— Eu já ia começar a organizar minha agenda para sempre conseguir vir te ver, já estava pensando em vários lugares que te levaria para conhecer quando você fosse para Nova York.
— Sinto muito, Henrique.
— Eu te amo, Isa. Tenho certeza de que podemos resolver isso da melhor maneira, é só você me dar uma chance.
— Desculpa, Henrique.
— Então é isso? A gente... Acabou?
— Vai ser melhor assim.
Henrique secou as lágrimas e saiu caminhando rápido, sem nem olhar para trás. Abracei a barriga e as lágrimas voltaram a rolar pelo meu rosto. Poucos minutos depois, consegui me recompor um pouco, respirei fundo e voltei para o meu carro. Com a testa apoiada no volante, sussurrei:
— Eu te amo, Henrique Trovato.
Dei partida no carro e segui de volta para a casa dos meus pais, só não sabia por quanto tempo poderia ficar por lá, não tinha noção da reação que eles teriamquando eu contasse que estava grávida. Eu tinha esperanças de que o resultado da entrevista saísse rápido e eu pudesse seguir minha vida.
— Sei que, agora, pode parecer que sua vida está arruinada, mas não é verdade. — As palavras de minha mãe me acalentam. — Você ainda tem opções e eu sempre estarei do seu lado.
— Obrigada, mãe.
— A única coisa que não concordo é você não contar para o pai da criança.
— É complicado, mãe.
— Eu respeito sua decisão, minha filha. — Ela enxuga minhas lágrimas. — Vamos passar por isso juntas.
Eu acreditei em suas palavras, até que dois meses depois, minha mãe descobriu que tinha câncer em estado já avançado e em poucos meses, ela acabou falecendo. Meu porto seguro tinha partido e me deixado sozinha.
HENRIQUETer contado para Nicolas que eu sou o pai dele foi bem mais tranquilo do que eu poderia ter imaginado. Achei que seria um pouco mais dramático, afinal, ele era apenas uma criança e poderia não entender. O que mais me incomodou foi ter percebido que Isa não estava muito confortável ali no parque, ficava olhando ao nosso redor.Quando olhei na direção em que ela olhava, logo notei o motivo. Havia um homem por detrás de uma das árvores, com uma câmera nas mãos, com certeza tirando fotos nossas. Fiquei de pé em um segundo e fui em direção ao maldito, ele percebeu e começou a correr, fugindo, porém não exitei em ir atrás dele. Minha vontade era socar a cara dele.Quando finalmente alcancei o homem, o prendi contra a grade de proteção e exigi que me desse sua câmera, ele não cedeu, então não tive outra escolha a não ser segurá-lo pela gola da blusa. Graças a minha altura, ele ficou alguns centímetros acima do chão.— Me solte, por favor!— Só depois que você me entregar sua câmera.
ISABELALogo depois do almoço, Henrique e eu ficamos sentados no balanço da varanda e conversando e diante de tudo o que estávamos vivenciando, pelo modo carinhoso que os dois se davam, acabei tomando a decisão de que não demoraria muito mais para contar a verdade sobre ele ser o pai de Nicolas.— Sabe, eu andei pensando.— Sobre o quê?— Eu não quero adiar mais.— Está se referindo a contar a verdade para o Nicolas?— Sim.— O que te fez mudar de ideia?— Muitos motivos.— Quer me contar quais são?— Não!— E quando você pretende contar?— O que acha de contarmos, juntos, para ele hoje?— Por mim está ótimo, mas você está bem com isso?— Sim, ele merece saber a verdade logo, já escondi por tempo demais.Ele me surpreendeu ao entrelaçar nossos dedos e dando um leve aperto. Diante de seu gesto incentivador e carinhoso, sorri e retribui o aperto.— Pode contar comigo.— Obrigada, Henrique — apoiei a cabeça em seu ombro.— Você sabe que não precisa me agradecer.Era tão bom saber que eu
HENRIQUEPoder passar um tempo só com Nicolas era tudo o que eu mais queria, poder me conectar com ele sem interferências. Ele, como bom admirador de hóquei, ficou encantado com meus objetos de hóquei e os vários troféus na estante.— Você ganhou isso tudo, tio?— Sim.— Quando eu crescer quero ganhar um monte de troféus também.— Então você vai ter que se esforçar muito para ser o melhor jogador.— Eu vou.Baguncei seus cabelos e fui até o meu quarto, peguei algumas peças de roupa e coloquei tudo o que precisava na mochila. Logo que voltei para a sala, encontrei Nicolas sentado no sofá enquanto folheava uma revista com uma foto minha na capa.— O que está lendo aí?— Nada. Só estou vendo você na revista.— O que acha de tomar um sorvete?— Minha mãe não gosta de que eu tome sorvete antes do almoço.— Ela está certa, mas podemos ir de tarde. O que acha?— Eu quero muito.— E a gente pode dar um passeio no parque também.— Oba!Peguei Mira do tapete enquanto Nicolas deixava a revista s
ISABELADepois que Henrique saiu da cozinha para trocar a fralda da pequena afilhada, continuei tomando, tranquilamente, meu café da manhã. Só quando terminei de comer as deliciosas panquecas é que fui ao meu quarto para ver se ele tinha conseguido e, foi inevitável não rir da situação. Ele estava assistindo um vídeo para trocar a fralda da criança.— O que há de tão engraçado? — Ele quis saber assim que notou minha presença.— Se você dependesse de trocar fralda de criança para viver, seria um homem morto.— O que eu fiz de errado?Entrei no quarto, peguei a menina do braços deles e a coloquei deitada de novo enquanto tirava as tiras adesivas trocadas e colei-as no lugar certo. Aproveitei para fazer cócegas na barriga de Mira, que gargalhou enquanto mexia as perninhas gorduchas.— Saudade do tempo que Nicolas era desse tamanho — comentei.— Mesmo com toda a dificuldade que passou?— Sim. Apesar das dificuldades, foi uma época boa.— Nicolas também era uma bomba de cocô? Chorão?— Às
HENRIQUEO sofá da casa de Isabela até que era muito confortável para dormir, mas teria sido ainda melhor dormir na cama com ela. Pela manhã quando acordei, notei que estava sozinho. Não sabia em que momento ela tinha conseguido se desvencilhar e ido embora do sofá.Fiquei por mais alguns minutos deitado até que comecei a ouvir um leve resmungo então tive que me levantar e fui até o quarto de Isabela. A porta entreaberta, o que facilitou minha entrada no ambiente ser menos barulhenta. Peguei o bebê conforto com Mira e voltei para a sala.— Bom dia, bomba de cocô do padrinho.Mira sorriu e deu um gritinho como estivesse entendendo o que eu estava falando. Entreguei a ela o mordedor de borracha que a babá tinha colocado na bolsa e logo fui surpreendido pela chegada repentina de Nicolas.— Tio Henrique?— Oi, campeão.— Por que você tá nosso sofá?— É que ontem eu precisei da ajuda da sua mãe.— De quem é esse neném?— Ela é filha do meu amigo.— Então porque você está com ela?— A mãe e
ISABELAVer Henrique, um homem alto e forte, segurando uma bebê era uma visão um pouco controversa e engraçada. Ele não tinha jeito nenhum com crianças, quase deixou a menina escorregar umas duas vezes, fazendo meu coração ficar preso na garganta de apreensão. Por outro lado, não podia deixar de reparar em Henrique seminu no box do meu banheiro, era tentador.Quando ele terminou de dar o banho, peguei uma toalha limpa e enrolei a menina antes de sair do banheiro. Coloquei ela deitada sobre a cama e comecei a enxugá-la antes de vesti-la com uma fralda e roupas limpas.Mira já estava quase dormindo quando terminei de arrumá-la, então só esquente a mamadeira e voltei para o quarto, onde já tinha a meia luz. Comecei a caminhar pelo ambiente enquanto cantarolava uma canção de ninar para Mira terminar de mamar e dormir. Não vi quando Henrique saiu, mas vi que o banheiro já estava desocupado, ou seja, ele devia estar na sala ou na cozinha.Quando a menina finalmente parou de lutar contra o so
Último capítulo