Desci as escadas com a sensação clara e inconfundível de: pronto, a cadeira giratória rodou.
Meus passos ecoavam no corredor silencioso. A casa era enorme, mas naquele momento parecia ainda maior, como se o caminho até o escritório do senhor Novak tivesse se multiplicado por dez. Cada passo me levava mais perto da minha demissão iminente.
Cheguei na porta do escritório. Estava entreaberta.
Respirei fundo, bati levemente na madeira e espiei para dentro.
Senhor Novak estava sentado atrás da mesa enorme de mogno, os olhos fixos na tela do computador, digitando algo com aquela precisão irritante de quem nunca erra uma vírgula.
Ele não disse nada. Não levantou os olhos. Não fez nenhum gesto indicando que eu deveria entrar ou sentar... ou existir.
Fiquei ali parada na porta, segurando a maçaneta, sentindo o constrangimento crescer a cada segundo de silêncio.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade mas provavelmente foram apenas quinze segundos, ele parou de digitar.
Levantou os olh