Casamento arranjado.
As palavras ecoavam na minha cabeça enquanto caminhava pelo estacionamento da escola ao lado de Olívia, segurando a mão pequena dela.
Senhor Novak estava pesquisando muito mais sobre a minha vida do que apenas ligando para uma suposta patroa antiga para saber das minhas referências? Isso não era justo. Essa parte da minha vida era pessoal demais. Privada.
— Eu nem gosto de balé, foi papai quem me obrigou a fazer.
A voz de Olívia me trouxe de volta ao presente. Olhei para baixo. Ela andava ao meu lado, a mochila nas costas, os olhos fixos no chão de concreto do estacionamento.
— Ele sempre fala 'claro, claro'. Normalmente ele esquece.
Meu coração apertou.
Não era a primeira vez. Dava para perceber pela forma como ela falou, tão naturalmente, como quem já tinha internalizado completamente a ideia de "não vou criar expectativa porque sei que vai doer menos depois".
Era uma sabedoria triste demais para uma criança de seis anos.
— Sei bem como é alguém decidir sua vida