Quatro meses se passaram.
Para o mundo exterior, a vida de Helena Santos havia se transformado em um conto de fadas. O "Ateliê Santos", em Candeias, não era mais uma oficina empoeirada à beira da ruína. Graças à "venda milagrosa para o colecionador europeu", o espaço fora completamente renovado. As paredes agora eram de um branco impecável, o chão de cimento polido brilhava sob a nova iluminação de trilhos, e equipamentos de última geração estavam dispostos em uma ordem imaculada. Ricardo, livre do peso esmagador da dívida, administrava o negócio com um entusiasmo contagiante, fechando pequenos contratos com pousadas e decoradores locais, garantindo um fluxo de renda estável.
Helena tinha tudo o que sempre sonhara: segurança financeira, a oficina de seu pai salva e próspera, e todo o tempo do mundo para criar.
Mas ela não criava.
A paz que o dinheiro de Dante comprara era uma paz estéril, uma calmaria no meio de um deserto. Sua alma de artista, antes um vulcão de criatividade, agora e