Parte 155...
Domenico
Palermo tinha aquele cheiro salgado no ar que grudava na pele, como um lembrete constante de onde você estava.
Era o fim da tarde, e o sol ainda queimava as pedras do jardim quando estacionei o carro em frente à casa. O portão rangeu como sempre, e os cães do vizinho latiam sem parar. Mas naquele dia eu nem me importei. Eu só queria entrar.
Gisele abriu a porta com um sorriso largo, os olhos cansados de quem passa o dia correndo atrás de um bebê, mas felizes.
— Bem-vindo de volta, signore Domenico. - ela abriu espaço para eu passar.
— Onde está a minha esposa?
Antes que Gisele pudesse responder, ouvi a voz de Marlene, lá da sala.
— Está no quarto do bebê. Com o pequeno Andreti. – ergueu o rosto sorridente.
Ela estava sentada no sofá, uma manta nos ombros, um copo de chá na mão. Tinha um brilho diferente no olhar, como se agora ela pertencesse mesmo àquela casa. Não era mais hóspede. Era família. E naquele momento, eu senti, a família estava completa.
— Obrigado,