Parte 154...
Aurora
O salão da casa de Campânia estava silencioso naquela tarde, exceto pelo som distante das cigarras e do vento tocando as janelas. Pietro aceitara se reunir comigo e com Diana. Pedi a ela que ficasse, não por fraqueza, mas porque eu sabia que ele a ouviria. E eu precisava que ele ouvisse.
Ele entrou com sua presença pesada e serena, como quem carrega o mundo nos ombros há décadas. O terno escuro contrastava com a luz suave que atravessava as cortinas de linho.
Era um homem que conhecia o poder do silêncio, e o usava com maestria. Quando seus olhos, aqueles olhos de pedra antiga, pousaram sobre mim, vi ali o mesmo olhar que me seguia desde criança, mas agora com uma expectativa que me pesava no peito.
Eu tinha boas lembranças dele como o meu “tio” Pietro. Mesmo sendo adulta agora, essa sensação não passou.
— Você queria falar comigo, figlia? - perguntou, usando o italiano com sotaque forte com naturalidade. Ele se sentou na poltrona de couro, cruzando uma perna sobre