O táxi deixou Helena diante do portão baixo de ferro, pintado de branco, ligeiramente descascado pelo tempo. O bairro era o mesmo de sempre — ruas de paralelepípedo, árvores altas formando túneis verdes e o som longínquo de um rádio qualquer tocando Amália numa varanda. Tudo parecia estar no mesmo lugar, menos ela.
O motorista olhou pelo retrovisor enquanto ela retirava a mala do banco de trás.
— Chegamos, senhorita.
Helena assentiu, agradecendo em voz baixa, e entregou o valor da corrida com as mãos um pouco trêmulas. Havia saído de Londres com a certeza de que precisava fugir, mas só ali, diante daquela casa de muros baixos e janelas com cortinas floridas, sentiu o peso exato da decisão.
Respirou fundo antes de tocar a campainha.
Ouviu passos lentos e abafados do lado de dentro, depois o som da porta abrindo com cuidado. Foi a mãe quem apareceu, de avental, o cabelo preso num coque apressado e a expressão que passou do espanto à emoção num piscar de olhos.
— Helena?
— Oi, mãe.
Não h