Capítulo 55

O interfone tocou às nove e pouco da manhã, quebrando o silêncio do flat com um susto suave.

Helena estava na cozinha, de moletom e cabelo preso, segurando uma caneca de chá pela metade. Ainda não tinha decidido se queria enfrentar o mundo ou se esconder dele. Mas quando ouviu a voz de Arthur pelo interfone, não hesitou.

— Sou eu.

Só isso. Sem perguntas. Sem preâmbulos.

Ela destravou a porta de baixo e encostou a testa na madeira por um instante. Respirou fundo.

Arthur subiu os dois lances de escada com a mesma leveza determinada de sempre. Quando ela abriu a porta, ele estava ali — terno escuro, gravata frouxa, o cabelo com aquele desalinho discreto que ele tentava, em vão, controlar.

— Bom dia — disse ele, erguendo uma sacola de papel. — Café. E croissants. Daquela padaria da esquina.

Helena abriu um sorriso, pequeno mas verdadeiro.

— Entrou pro hall dos homens que sabem o que fazem.

— Espero que sim. — Ele entrou, o perfume discreto misturando-se ao cheiro de massa folhada recém-as
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