O flat estava em silêncio, mas a mente de Helena não. Desde que Arthur saiu pela manhã, ela não havia conseguido relaxar. Tomou café sem sentir o gosto, abriu o notebook sem conseguir focar em nada. Caminhava entre os cômodos com a impressão de que carregava algo pesado demais para tão pouco espaço.
O sol entrava pelas janelas, forte e frio como é costume em Londres. A cidade seguia seu ritmo do lado de fora, mas dentro dela, tudo parecia suspenso. Havia voltado de Lisboa mais leve em alguns aspectos — com a verdade do pai digerida, ainda que indigesta — mas também mais consciente do que ainda escondia.
Não sobre Eduardo Costa. Arthur já sabia disso.
Mas sobre a razão que a levou até ele.
A verdade que nunca tivera coragem de contar: ela entrou naquela empresa para destruí-lo.
E agora… estava apaixonada.
Suspirou, sentando-se à beira da cama. Sentia-se uma impostora dentro da própria história. Porque, por mais que as coisas tivessem mudado — e tinham mudado —, havia uma linha invisíve