Capítulo 36

Helena chegou ao escritório na terça-feira tentando parecer intacta.

Mas a verdade é que cada dia estava mais difícil manter a fachada.

Dormira mal.

De novo.

Sonhos confusos embaralhavam passado e presente — a voz do pai se misturava ao toque das mãos de Arthur, à carta, à empresa, ao beijo.

Era como viver em dois mundos ao mesmo tempo.

E os dois estavam desmoronando.

Vestiu-se com mais cuidado naquela manhã.

Uma blusa preta de seda, discreta, elegante, sem ser chamativa.

Calça de alfaiataria, salto baixo, coque alto.

Queria parecer no controle.

Queria parecer inatingível.

Mesmo que por dentro estivesse por um fio.

O andar executivo estava agitado.

Alguma mudança na agenda, uma fusão, ou um novo cliente prestes a entrar.

Pelos corredores, ouvia-se cochichos, passos apressados, e aquele clima de tensão mascarada que só grandes empresas sabem sustentar.

Ela mergulhou no trabalho.

Relatórios, análise de processos, nova revisão do orçamento setorial.

E, mesmo assim, o pensamento ia nele.

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