A quarta-feira amanheceu com o céu tão branco que parecia prestes a nevar.
Helena acordou antes do despertador, o corpo pesado pela insônia e pelo cansaço que vinha se arrastando desde que iniciara daquele escritório.
Enquanto se vestia, pensou no quanto tudo mudara em poucas semanas.
No começo, Arthur era só um nome que ela associava ao passado do pai.
Um símbolo de tudo que queria destruir.
Agora…
Agora ele era a única coisa que parecia real naquele mundo de mentiras.
Fechou os olhos por um instante, apoiando as mãos na bancada da pia.
Precisava de coragem.
Mas não sabia se coragem era seguir resistindo ou se entregar de uma vez.
No caminho para a empresa, o metrô lotado ajudou a manter o pensamento longe.
Ou ao menos tentou.
Porque em cada reflexo no vidro, ela via o rosto dele.
Os olhos atentos.
A mão que pousava nas costas dela quando ninguém via.
O jeito contido que carregava algo mais forte do que qualquer palavra.
Quando saiu na estação, sentia o peito apertado de ansiedade.
E