Helena passou o resto do expediente como quem atravessa um campo minado. Cada tarefa parecia mecânica. Cada conversa, um ruído distante. Quando finalmente desligou o computador, o céu de Londres já estava tingido de um cinza escuro que prometia chuva.
Ela recolheu os papéis com cuidado excessivo, como se qualquer gesto em falso pudesse denunciar que estava desmoronando.
No elevador, ficou de costas para o espelho, para não ter que encarar o reflexo daquela mulher que não sabia mais em quem acreditar.
Assim que chegou ao flat, trancou a porta e largou a bolsa no chão. Por um instante, só ficou parada no meio da sala, sentindo o peso da solidão. O silêncio parecia uma presença viva, quase opressiva.
O envelope esperava sobre a bancada, do mesmo jeito que deixara na noite anterior. Ela não se aproximou de imediato. Foi até a cozinha, encheu um copo d’água e bebeu devagar, na esperança inútil de que algum gole pudesse afogar a ansiedade.
Mas não havia nada que aliviasse.
Helena respirou f