Os dias seguintes passaram como um borrão.

Helena chegava cedo, sentava-se na mesma cadeira, organizava os mesmos relatórios. Cada manhã era uma repetição minuciosa de rotinas que ela já dominava com precisão quase cruel.

Mas tudo estava diferente.

Porque Arthur cumpria cada obrigação profissional com perfeição imperturbável. Ele revisava planilhas, comentava projeções, assinava documentos. Sempre no tom neutro que qualquer executivo usaria com uma consultora.

E nada além disso.

Nenhum comentário sutil. Nenhum questionamento sobre o que ela sentia. Nenhum olhar que durasse mais que o necessário.

Era como se ele tivesse decidido recolher todas as armas — e, paradoxalmente, isso a desestabilizava muito mais do que qualquer confronto direto.

Na quarta-feira, passaram quase três horas juntos na sala de reuniões. Helena apresentou a nova fase do mapeamento financeiro, explicou cada etapa com firmeza.

Arthur ouviu tudo com atenção polida, fez perguntas pontuais e encerrou a conversa com um