A segunda-feira amanheceu cinzenta, como se Londres refletisse o peso que ela carregava no peito.
Helena vestiu-se em silêncio, escolhendo um conjunto sóbrio que não deixasse espaço para distrações — nem para olhares que pudessem desvendar suas inquietações internas.
O café da manhã foi rápido, quase mecânico. Não havia espaço para sabores ou aromas, só o barulho da colher mexendo o café enquanto a mente dela dançava entre pensamentos sobre ele.
No caminho para o trabalho, o metrô parecia mais lotado do que o normal. Ela apertava a bolsa contra o corpo, evitando contato visual com qualquer passageiro. Era como se o mundo inteiro fosse uma ameaça pronta a expor seu segredo mais guardado — o desejo que teimava em crescer dentro dela.
Ao chegar ao prédio, passou pela recepção com um aceno educado e seguiu direto para o elevador. A rotina seguia seu curso, mas algo no ar já era diferente.
No escritório, encontrou sua mesa exatamente como deixara na sexta-feira. A luz do monitor a saudava