O sábado começou cedo, antes mesmo de o sol aparecer por trás dos prédios baixos do subúrbio. Helena acordou sem despertador, o corpo pesado de uma exaustão que não se resolvia com sono.
Ficou deitada alguns minutos, olhando para o teto, como se esperasse que algum pensamento ordenasse os outros. Mas tudo se resumia a Arthur.
Era irritante. Injusto. Quase humilhante.
Ela se levantou devagar, sentindo o chão frio sob os pés. Foi até a cozinha minúscula, acendeu a luz amarelada e começou a preparar café. Os gestos eram mecânicos: medir o pó, aquecer a água, escolher uma caneca.
Tentou se concentrar na rotina, no cheiro quente que preenchia o espaço. Por alguns instantes, funcionou. O mundo parecia se reduzir a um único ato simples.
Mas assim que se sentou à pequena mesa perto da janela, a mente voltou ao que Arthur dissera na véspera.
“Você faz mais em três dias do que alguns em três meses.”
“Eu confio em você.”
Helena apoiou a testa na mão. Nunca quisera ser vista. Não daquele jeito. N