O monastério era um teatro de pureza. Vestíamos branco da cabeça aos pés, pés descalços que conheciam o frio de cada pedra do chão. Meu véu aparecia apenas em momentos específicos, quando Gregor queria reforçar a ideia de santidade, ou quando eu precisava me esconder de olhares que não podiam ver a verdade em meus olhos. Às vezes, quando a luz da manhã atravessava os vitrais e pintava cores nos corredores, eu imaginava que éramos anjos deformados, presos em corpos humanos, obrigados a uma santidade que ninguém pedira. O canto ecoava pelas paredes altas, mas mesmo nos momentos mais angelicais, havia dor. Algumas mulheres eram reduzidas a nada, presas em seus próprios pensamentos, enlouquecendo aos poucos, vítimas de um psicológico que esmagava a mente lentamente. Todas, menos eu. Eu ainda carregava o fogo no olhar, mesmo quando tudo ao meu redor tentava apagá-lo.
Gregor, o homem que havia se tornado autoridade absoluta aqui, observava cada gesto com olhos afiados. Ele gostava de nos l