Fazenda DeLuca

A fazenda dos DeLuca não era uma fazenda comum. Não havia nada de rústico ou simples naquele lugar. Era um império, uma fortaleza rural envolta em luxo e poder. Os muros altos de pedra protegiam a propriedade, e os portões de ferro carregavam com orgulho o brasão da família. Guardas armados estavam espalhados em pontos estratégicos, imóveis como estátuas, mas com os olhos atentos a cada movimento.

Quando o carro avançou pela alameda principal, Rose sentiu o ar preso no peito. A estrada era ladeada por ciprestes altíssimos, eretos como soldados, conduzindo-os em direção à mansão central. Tudo ali parecia gritar imponência.

Pelas janelas, ela avistou os vinhedos perfeitos, alinhados como se cada folha tivesse sido colocada por mãos invisíveis. Ao lado, campos de oliveiras se estendiam pelo horizonte, brilhando sob a luz dourada do sol. Homens de preto circulavam discretamente, ternos impecáveis escondendo armas letais. A riqueza e a ameaça andavam de mãos dadas naquela terra.

Assim que entraram na mansão, foram recebidos pela governanta — educada, simpática, mas de postura firme.

— Seja bem-vindo, senhor Francisco. Sua nona ainda não chegou, mas fiquem à vontade.

Frank apresentou Rose com naturalidade:

— Esta é Rosalie, uma amiga. Trouxe-a para conhecer a fazenda.

— Seja bem-vinda, senhorita Rosalie. Gostaria de água, um suco? — perguntou a governanta.

— Água, por favor — respondeu Rose com a boca seca de nervoso e encantada.

Antes que a governanta pudesse se mover, Frank ergueu a mão com naturalidade e um sorriso de canto.

— Não precisa, Teresa. Eu mesmo sirvo.

A governanta apenas assentiu e se afastou discretamente, deixando os dois a sós.

Rose não conseguia conter o olhar curioso. Cada detalhe da mansão a deslumbrava. O piso de madeira maciça brilhava como ouro polido, os lustres de cristal refletiam a luz como diamantes, e as tapeçarias antigas, vindas de gerações, contavam histórias silenciosas de poder.

Rose pensou, atônita: “Agora eu entendo. Agora eu entendo porque meu pai insiste tanto nesse casamento... O poder dos DeLuca é incalculável. Diante dessa fortuna, nós não passamos de meros jogadores menores em um tabuleiro que eles dominam.”

Naquele instante, teve certeza de uma coisa: se aceitasse casar com Martin, não estaria apenas entrando em uma família — estaria entrando em um império.

Rose caminhava pela mansão como se estivesse em um labirinto de poder e luxo. Cada detalhe gritava riqueza: a madeira maciça dos pisos, os lustres de cristal que refletiam a luz dourada do entardecer, os quadros imponentes de antepassados DeLuca olhando para ela como juízes silenciosos.

Ele percebeu o olhar dela vagando pelos corredores, o brilho de admiração que ela não conseguiu esconder. Sorriu com satisfação.

— Aqui é muito bonito, não é? — disse com a voz grave e tranquila. — Sabia que você ia gostar.

Rose engoliu em seco, tentando disfarçar o encantamento.

— É… diferente de tudo que já vi.

— Eu gosto muito de vir aqui. — Ele ajustou o relógio no pulso, olhando de relance para ela. — Mas os negócios me prendem na cidade… sempre há alguma coisa para resolver.

Ele seguiu adiante, e ela o acompanhava. Entraram em outro cômodo, amplo, elegante, com o aroma amadeirado no ar. No centro, destacava-se um bar luxuoso, acompanhado por uma cristaleira imensa, repleta de garrafas raras, como joias líquidas.

Frank caminhou com calma até a cristaleira. Seus dedos deslizaram pelas garrafas como quem escolhe uma arma. Por fim, retirou uma de vidro escuro, o rótulo dourado cintilando. Pegou duas taças de cristal, virou-se para Rose e, sem pressa, serviu-a primeiro.

O som do líquido caindo preencheu o silêncio, criando uma tensão quase íntima. Ele lhe entregou a taça, o olhar preso ao dela.

— Experimente. — A voz dele soava mais como uma ordem suave do que um convite.

— Eu pedi água — disse Rose, firme.

Frank arqueou uma sobrancelha e sorriu de lado, pegando uma garrafa no balcão.

— Experimente. Este é o vinho da nossa fazenda. Temos vinhedos próprios, e produzimos tudo aqui.

Rose cruzou os braços.

— Acho que você quer me embebedar.

Ele inclinou o rosto para perto dela, o olhar cínico faiscando.

— Juro que não é para isso. Quero apenas que prove. — E, em seguida, abriu uma garrafa de água, encheu um copo com gelo e serviu para ela, enquanto enchia sua própria taça com vinho.

No balcão, lado a lado: uma taça de vinho e um copo de água. A escolha era dela.

Frank tomou um gole do vinho, fechou os olhos, saboreando devagar.

— É muito bom… — murmurou, quase provocativo.

Rose cedeu à curiosidade. Levou a taça aos lábios, tomou um gole e se surpreendeu.

— Não entendo nada de vinhos… mas esse é delicioso.

O sorriso satisfeito dele a fez corar.

Frank apoiou a taça no balcão e se aproximou.

— Já beijou alguém com sabor de vinho? — perguntou baixo, a voz rouca.

Rose não respondeu. Ficou imóvel, sentindo o coração disparar. Ele contornou o balcão, aproximou-se até que seus corpos se tocaram. Sua mão firme segurou o rosto dela, enquanto a outra deslizava pelas costas, puxando-a contra o peito. O beijo veio lento, profundo, como se ele quisesse partilhar com ela cada nota do vinho.

Rose se deixou levar. O mundo desapareceu, restando apenas o calor dele. Seus dedos enfraqueceram, e a bolsa caiu no chão. O tilintar metálico fez Frank interromper o beijo.

Ele se abaixou, curioso, e antes que ela pudesse impedir, abriu a bolsa. Seus olhos encontraram a tesoura.

— Rose… você quer me matar? — A voz era baixa, mas carregada de ironia.

— Não! — ela se apressou. — Eu… eu só lime sinto insegura perto de você. Você me ameaça, me provoca… como quer que eu fique tranquila?

Ele segurou a tesoura, girando-a devagar entre os dedos.

— Então você gosta andar armada? Até roubou minha pistola.

— Nunca precisei disso. É a primeira vez! — a voz dela saiu trêmula. — Você entrou na minha vida e transformou tudo em caos. Eu preciso casar com seu irmão, e você insiste em me arruinar.

— Casar com meu irmão, você nem sabe quem ele é.

Rose ia falar mas Frank abriu a tesoura, passando o polegar pela ponta afiada, como se testasse o fio. Seu olhar estava fixo nela.

— Já enfiou uma lâmina no corpo de alguém?

se aproximou, devolvendo a tesoura para sua mão, os olhos queimando de intensidade.

Rose empalideceu.

— Claro que não.

Ele sorriu, sombrio, e abriu os braços, oferecendo o próprio peito.

— Então faça agora. Enfia em mim.

Rose recuou, assustada.

— Eu não vou fazer isso!

— Você tem potencial, Rose. Vou te ensinar a ser uma mulher mais forte.

Ela engoliu em seco.

— Eu?

— Sim, você. — Ele inclinou o rosto perto do dela, tão perto que sua respiração roçou sua pele. — Uma mulher que desafia a máfia precisa aprender a sobreviver.

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