A casa estava silenciosa, como se o mundo inteiro tivesse decidido respeitar aquele momento.
O quarto de Aurora era suave — cortinas brancas, um abajur de luz amarelada, o berço que Arthur mandou fazer sob medida, com o nome dela bordado no enxoval.
Depois da mamada, ela dormia tranquila nos meus braços, com aquele suspiro miúdo que só os bebês sabem dar. Fiquei ali, observando cada traço do rostinho dela, a boquinha que se mexia mesmo em sonho, as mãos minúsculas que ainda buscavam o meu toque.
Acariciei os fios finos de cabelo e senti uma pontada no peito, uma mistura de amor e medo.
Como algo tão pequeno podia carregar tanto significado? Tanta força?
Dei um beijo na testa dela antes de ajeitá-la no berço. O corpo dela ainda parecia leve demais, como se o mundo pudesse arrancá-la de mim a qualquer instante.
— Você é meu milagre, meu amor — sussurrei, ajustando a cobertinha até o queixo dela. — A mamãe vai cuidar de você, sempre.
Quando me virei, Arthur estava parado na porta.
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