Amara
A lua daquela noite parecia tocar o prédio com os dedos. No terraço, as velas iluminavam como pequenas estrelas e os símbolos no piso brilhavam com um fulgor que eu sentia na pele. Damian caminhou à frente sem pressa, e eu o segui com o coração acelerado, cada passo marcado pelo som do vento. A cidade inteira parecia ouvir.
Ele parou no centro do círculo e abriu as mãos, mostrando o punhal prateado. Aquilo refletiu o céu, e por um segundo vi meu rosto preso ali: assustada, mas firme. O cabo tinha o selo que eu conhecia, gravado com cuidado, como um juramento de outros tempos. O ar trouxe o cheiro de chuva e metal, e eu soube que nada naquela noite seria comum.
— O terraço está ao nosso lado — Damian disse, a voz baixa, rouca de contenção. — Ele guarda o que confiamos a ele. Se dermos um passo, ele devolve em eco.
Assenti sem falar. Eu já sabia do ritual, já tinha lido, já tinha ouvido dele. O que eu não sabia era como meu corpo ia reagir. A mão direita formigava. A esquerda lemb