Damian
O vínculo puxou como um gancho cravado na carne. Não foi pensamento, foi impacto. Um vazio do tamanho de Amara abriu-se no meu peito e o lobo ergueu a cabeça, rosnando para uma ausência que cheirava a perigo. O relógio marcava 21h58 quando senti. Às 22h01 eu já tinha Ronan na linha.
— Sinal dela? — perguntei, caminhando para o elevador com passos que não tocavam o chão.
— “Falha de câmera na ala leste às 21h47,” — respondeu. — “Elevador de serviço descendo sozinho às 21h49. Garagem: um carro dos funcionários saiu sem registro. Placa fria.”
— Rota provável?
— “A oeste. Zona portuária.”
— Desço agora, — falei. — Plano noite. Leve o kit prata.
— “Certo.”
No subsolo, o ar tinha gosto de metal. Ronan me esperava já com o casaco fechado, rádio analógico, duas armas curtas, lâminas, spray de ferro. Peguei a bolsa preta, vesti o moletom escuro, deixei o relógio. O lobo se espreguiçou sob a pele, faminto como tempestade antes de cair.
— Sem sirenes, — ordenei. — Sem luz alta. Se for Vos