Amara
O celular vibrou embaixo do travesseiro como um segredo impaciente. Quase não acreditei quando a tela acendeu, aquele aparelho não devia nem existir. Lia tinha me entregado às escondidas, arriscando mais que eu gostaria, e desde então eu o mantinha desligado, temendo que Damian pudesse farejar até sinais invisíveis. Mas naquela noite, o brilho azul cortou a escuridão e trouxe uma frase que me arrepiou inteira:
— “Ele não é o único monstro. Se quiser a verdade, venha sozinha. 22h. Armazém 17.”
As mãos tremeram, deslizando pelo vidro frio. Podia ser mentira, podia ser cilada, podia ser apenas crueldade. Mas também podia ser aquilo que eu ansiava desde a primeira vez que vi os olhos de Damian queimarem âmbar diante de mim: respostas. O que eu era, afinal? Esposa, refém, companheira destinada? Ou apenas um peão em um tabuleiro escrito por maldições?
Fechei os olhos, respirei fundo. O coração gritava que eu deveria mostrar a mensagem a ele, exigir explicações. Mas o orgulho falou mai