LARA
Volto ao hospital no início da manhã, com o coração apertado e as mãos ocupadas. Levo flores frescas — as preferidas dela — e um livro que ela costumava reler nos dias difíceis. Não espero milagres, mas carrego comigo a esperança silenciosa de que algum gesto, som ou cheiro possa atravessar o nevoeiro em que ela está presa.
A UTI tem o mesmo cheiro de sempre. Um misto de antisséptico, metal e ausência. Cumprimento a equipe com um aceno contido. Já me conhecem. Sabem quem sou. Sabem que venho todos os dias, e que fico até me pedirem para sair.
Quando entro no quarto, o tempo parece parar.
Ela continua ali, imóvel, ligada a tubos e máquinas que garantem o básico: que o coração continue batendo, que os pulmões não se esqueçam de respirar, que o corpo não desista. Mas ela... ela mesma... parece estar em algum lugar entre um ontem que não terminou e um amanhã que ainda não começou.
Coloco as flores em um pequeno vaso sobre a mesa lateral. Rosa-chá. As mesmas que ela colocava no meu qu