DORIAN
O quarto é amplo, silencioso e claro demais.
Luz natural entra pela janela lateral, mas tudo em mim continua em sombra. Sombra de medo. De impotência. De tudo o que não consegui evitar.
Lara está ali. Tão perto.
Mas tão ausente.
Os fios ligados aos monitores registram cada batida do coração dela — e do nosso bebê. Um compasso lento e constante, que deveria me trazer alívio.
Mas tudo em mim continua em guerra.
Ela ainda não acordou.
Os médicos dizem que é normal. Sedação leve. O corpo está reagindo bem, o bebê está seguro. Mas nada disso me basta.
A cada minuto que passa, sinto como se estivesse tentando sustentar um castelo com as próprias mãos. Como se tudo pudesse ruir, caso eu me distraísse.
Sento na poltrona ao lado da cama e observo seu rosto.
Mesmo adormecida, ela é Lara. Minha mulher. Forte. Brilhante. Indomável.
E isso me dilacera ainda mais.
Porque hoje ela precisou ser frágil. E ninguém deveria obrigá-la a isso.
— Eu devia ter te seguido mais de perto — murmuro, com a