A caneta parecia pesar uma tonelada entre meus dedos.O contrato estava sobre a mesa de vidro, alinhado milimetricamente como se fosse mais uma de suas obras de arte frias e calculadas. O papel era espesso, de qualidade. O tipo de coisa que grita “riqueza” antes mesmo que se leia uma linha.Meus olhos percorriam as cláusulas pela terceira vez, mas já não enxergavam palavras. Só o som abafado do sangue pulsando nos meus ouvidos. E o homem sentado à minha frente, perfeitamente composto, como se aquilo fosse apenas mais um dia no escritório.Dorian não dizia nada.Estava recostado na poltrona de couro, uma das pernas cruzadas, os dedos batendo levemente no braço da cadeira. Como se estivesse esperando que eu, a peça mais previsível do tabuleiro, enfim me curvasse ao xeque-mate.E eu tinha feito isso. Eu me tornei, oficialmente, a Sra. Vega.Ainda que por contrato.— Você poderia ter recusado — ele disse, com a voz baixa, grave, e um sorriso frio nos lábios. — Era só levantar, sair por aq
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