LARA
Acordo com um som que não vem de máquina nenhuma.
É o som do silêncio confortável. Da respiração dele.
E de algo novo entre nós.
O tempo passa devagar depois da notícia. Peço que a médica explique tudo de novo, com calma, para ter certeza de que não estou sonhando. Ela o faz com delicadeza. Explica que a cirurgia foi preventiva, que o bebê está seguro, que tudo agora dependerá do cuidado e do repouso. Diz que é cedo, mas que está tudo bem. Tudo.
Na mesma noite, Dorian arrasta a poltrona até a beirada do meu leito, e ali dorme, com os pés esticados, o paletó servindo de cobertor, e os olhos semicerrados mesmo quando diz que está acordado.Acorda sempre que me mexo. Sempre que suspiro.
— Dorian — sussurro, certa vez, durante a madrugada. — Dorme de verdade. Eu estou bem.
Ele ergue os olhos na penumbra e responde:
— Eu estou dormindo. Só por dentro.
No dia seguinte, a médica entra no quarto com um leve sorriso e um tablet na mão.
— Achamos que vocês gostariam de ver. — Ela vira a te