LARA
Dois dias. Quarenta e oito horas. Uma eternidade.
O tempo passa diferente quando se espera que alguém acorde. A cada bipe do monitor cardíaco, a cada visita médica, a cada troca de turno, meu corpo insiste em acreditar que será agora. Que os olhos da minha mãe vão se abrir, mesmo que só um pouco. Que ela vai me chamar pelo nome, franzir a testa e perguntar o que está acontecendo. Mas isso não acontece.
Ela continua ali. Dormindo.
E eu, acordada demais.
Benjamin, Cat, até David — todos voltaram para suas rotinas com turnos revezados ao nosso lado, mas sempre tentando me convencer a descansar. Dorian não insiste. Ele sabe que há coisas que não se discutem. Mas hoje, quando o médico entra na sala com aquela expressão de quem treina as palavras antes de pronunciá-las, eu já sinto o que está por vir.
— A sedação foi completamente retirada há dois dias — ele começa, com a voz paciente. — A atividade cerebral está dentro do esperado. Não há sinais de trauma, hemorragia ou lesão. Mas...