LARA
David e Dorian conversam em voz baixa no corredor, mas eu sei o que está sendo discutido. Dorian me contou naquela manhã, com aquele tom cuidadoso que ele usa quando sabe que estou prestes a me quebrar por dentro.
— David acha que vale a pena investigar o apartamento da sua mãe — ele disse. — Discretamente. Talvez tenha algo lá que explique por que ele… voltou.
“Ele”. Meu pai.
O título pesa na garganta, como se fosse uma peça fora do lugar em uma engrenagem enferrujada. Não é que eu ache absurda a ideia. Parte de mim quer revistar aquele apartamento centímetro por centímetro, arrancar cada segredo escondido entre livros, quadros, gavetas.
Mas a outra parte… a que se agarra à dignidade da minha mãe… essa parte pede que eu espere.
— Não agora — digo, finalmente. — Não sem ela. Não sem saber o que ela tem a dizer.
Dorian assente. Ele entende. Mesmo quando discorda, ele entende. E isso, mais do que qualquer promessa, é o que me mantém em pé.
Horas depois, no hospital, o médico nos ch