LARA
— A cirurgia foi um sucesso.
Essas são as primeiras palavras do médico, e por um momento meu corpo cede. Não por inteiro — ainda não — mas o suficiente para que eu perceba que estava em pé sobre pernas bambas há tempo demais. As palavras “cirurgia” e “sucesso” não costumam habitar a mesma frase com frequência, e quando o fazem, é como uma luz trêmula em uma sala escura. Mas, antes que o alívio tenha tempo de se espalhar, ele completa:
— O procedimento foi tecnicamente perfeito. No entanto, optamos por manter a paciente em coma induzido. O cérebro precisa repousar sem estímulos. As próximas 48 horas serão fundamentais para a recuperação.
Coma induzido.
A expressão paira no ar como uma nuvem que não se dissipa.
O sucesso da cirurgia, que por um segundo foi o ponto final da angústia, agora se torna apenas uma vírgula no meio de uma frase longa demais.
Ninguém respira. Não de verdade.
Benjamin franze o cenho, Cat morde o lábio, Dorian aperta os dedos contra os braços da cadeira com u