LARA
O sol bate com força nas vitrines de vidro espelhado, e mesmo dentro da limusine o calor parece atravessar tudo. A cidade vibra com aquele caos organizado que aprendi a reconhecer. As pessoas passam apressadas pelas calçadas, mas aqui dentro o tempo é outro. Uma bolha de ar-condicionado, silêncio e expectativa.
Minha mãe está sentada ao meu lado, com os óculos escuros cobrindo metade do rosto e as mãos pousadas com elegância no colo. Ela finge não estar animada, mas o leve tamborilar dos dedos denuncia.
— Não acredito que estou fazendo isso com você — ela comenta, num tom divertido. — Comprando vestidos com um cartão sem limites... como se fôssemos mãe e filha em uma comédia romântica de domingo à tarde.
Assim que entramos na loja, somos recebidas com reverência.
A vendedora — jovem, maquiada como uma boneca e com um sorriso treinado — reconhece meu sobrenome no cartão e quase se curva.
— Senhora Vega... é um prazer recebê-la.
Minha mãe arqueia uma sobrancelha.
— Que chique.
— Ac